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Perfume da esperança

Atualizado: 18 de jul. de 2020

“SOU UMA ROSA DESPETALADA QUE, GRAÇAS AO AMOR DIVINO, HOJE CARREGO EM MIM O PERFUME DA ESPERANÇA”.


Amados, que a paz seja convosco! Espero que minhas palavras possam ser compreendidas, pois, afinal, sou uma morta na carne e a maioria das pessoas que se encontram encarnadas insistem em afirmar que morrendo tudo se acaba. Acho isso muito engraçado, pois todos os espíritos que estão encarnados tiveram como origem de partida alguma colônia aqui do plano espiritual. Grande parte deles participou de estudos e planejamentos juntos aos benfeitores da Vida Maior antes de reencarnarem, no entanto, basta estarem revestidos nas costelas por aí, para começarem a fazer discursos baratos e, porque não dizer, hipócritas: "morreu acabou".


Posso dizer que esse discurso é típico daqueles que se julgam imunes ao erro e que ainda insistem em cometê-los. É uma espécie de justificativa para dar um brilho especial ao orgulho e ao egoísmo que os dominam.


Bom, vamos deixar de lado essa conversa mole de justificações para irmos direto ao assunto que me trouxe aqui. Omitirei meu nome e vou usar um pseudônimo para não criar polêmica entre meus familiares que ainda estão na terra, cuja maioria são fanáticos religiosos que creem em um juízo final para suas almas quando morrerem.


Eu sempre fui a ovelha negra da família, a filha rebelde, a endemoniada para eles e a “espritada” para outros. Assim que me dei conta da vida, já com meus 14 anos de idade, comecei a ver as falsidades de meus pais e de nossos orientadores religiosos, pois não faziam o que pregavam. Resolvi me libertar daqueles conceitos religiosos e viver a minha vida da forma que eu quisesse e não do jeito que eles queriam para mim. Assim, me entreguei à prática do sexo antes do casamento. Essa experiência não me foi boa, pois a sensação do prazer sexual me viciou e eu passei a me prostituir, não por dinheiro e, sim, para buscar melhores êxtases. Com isso também me viciei no uso de bebidas alcoólicas e, em pouco tempo, me tornei uma dependente dela. Meus pais não aceitaram isso e me pressionaram para que aceitasse Jesus no coração. Eu me recusei. Desse modo, a minha mãe me chamou em particular e abriu o jogo comigo dizendo que nem ela nem meu pai me aceitariam se eu continuasse a viver daquela forma.


Pedi um tempo para ela, porém, semanas depois, eu deixei a casa deles e fui morar com as amigas do vício e, diante da dificuldade financeira para me manter, resolvi encarar as ruas de São Paulo e vender meu corpo nas noites em troca de cachês irrisórios, pois a concorrência era grande e eu ainda tinha que pagar o aluguel do ponto para os gigolôs que exploravam aquelas áreas.


Um ano depois, eu passei a usar drogas também. Hoje, eu posso dizer que a vida na prostituição é tão nojenta quanto a bebida e as drogas, pois se tornam para nós uma necessidade não só do corpo, mas também da alma. Para encurtar o caminho de nosso objetivo, com o uso dessas substâncias acabei me descuidando e, aos 17 anos de idade, engravidei. No entanto, com a vida que eu levava, era impossível arriscar ter um bebê, então passei a me consumir cada dia na bebida e nas drogas para não pensar nisso…

No vício das drogas, passei a brigar para me defender. Arrumei muitas encrencas com concorrentes e me tornei violenta, passando a usar armas brancas como defesa. Nesse período, não contei nada a ninguém sobre a minha gravidez, não fiz pré-natal e continuei a minha vida do modo que era possível.


Aos quatro meses de gravidez, minha barriga começou a aparecer. Período este no qual eu me sentia muito carente, chorava muito, tive vontade de procurar meus pais para pedir perdão e ajuda, mas não tive coragem. Na minha solidão, passei a sonhar com o meu bebê, eu tinha a certeza que seria uma menina. Comecei a pensar que se eu a deixasse nascer que futuro eu poderia dar a ela, a não ser aquela vida que eu levava? Então tomei a decisão de abortar.

Para isso, procurei uma senhora que se prostituía conosco. Era mais velha do que eu, soube que ela já tinha feito alguns abortos. Contei meu drama e pedi para me ajudar a abortar. Ela pressentiu que minha gravidez estava com mais de quatro meses e, pela sua experiência, me disse que era muito ariscado fazer um aborto naquela altura da gestação. Assim, eu tinha duas opções, abortar e correr risco de morte ou ter a criança e irmos para as ruas.


Implorei que ela me ajudasse a abortar. Ela não concordou, mas providenciou os meios para que eu mesmo fizesse o meu aborto...


Assim de posse do material, fui para o litoral paulista e lá aluguei um quarto simples de uma pousada e lá me isolei. Dias depois, fiz meu aborto. Três dias depois, senti que o feto estava morto dentro de mim, pois estava com muito sangramento e saíam substâncias com odor de carniça. Logo veio a febre e os delírios, nos quais eu via uma menina me pedindo para voltar. Ela estendia os braços para mim, mas tentava fugir dela. Ela sempre caminhava em minha direção… Perdi a consciência, me acharam naquele quarto e me levaram para um hospital. Não sei como isso se deu, só me lembro da pequena pousada. Só sei que fiz minha passagem para o mundo espiritual. Digo isso, porque fui recepcionada, após minha morte física, por uma falange de espíritos em formas vampirescas e, entre eles, estavam algumas mulheres desfiguradas. Vi seus ventres à mostra, estavam inchados e cheio de pústulas. Elas se diziam aborteiras também e que vieram me buscar para o inferno que me aguardava.


Não tive forças para resistir e me entreguei àquele bando que me levou para uma região muito escura e nauseante, onde se ouvia gritos e xingamentos, onde o nome de Deus era muito odiado e blasfemado. Alí era o inferno, penso que era pior que o inferno que os homens criaram em suas imaginações.

Passei muitos anos lá. O meu ventre foi apodrecendo e, com o tempo, só me restava dele, entre os ossos, uma pele seca. Por anos lá, eu pensava diariamente em meus pais, pensava que eles poderiam fazer uma prece para mim, mas em vão. Eles se esqueceram de mim naquele inferno...


Até que em uma daquelas noites eternas eu cheguei ao limite do meu sofrimento. Pensei nos meus pais, na forma que eles entendiam Deus, na forma que os orientadores da religião deles apresentavam esse Deus. Naquela minha necessidade eu pensei: vou pedir ajuda para ver como é esse Deus na verdade, se ele realmente existe, pois eu não o conhecia, ou melhor, me neguei a conhecê-lo. Lembro-me que fiz uma súplica em forma de uma prece mais ou menos assim:


– Senhor, eu não lhe conheço! Mas se o senhor me conhece, sabe da minha vida, sabe que sou uma criminosa perante suas leis. Também deve saber que não errei sozinha, pois aqueles que o senhor me deu como pais, eles tinham o dever de me amar e me ensinar outro caminho, devido a minha rebeldia. No entanto, eles preferiram ao senhor e aos seus orientadores religiosos, estes que me apresentaram um Deus tão malvado e injusto que eu me recusei a conhecer, razão que tomei um caminho errado. Esse meu erro me levou ao fracasso, do qual agora me arrependo amargamente... Senhor, eu abortei, pois eu não tinha a mínima condição de dar a vida a uma filha. Não tinha apoio de ninguém! Senhor, não lhe compreendo por agora, nem sei como é o seu amor, mas lhe peço, apiede-se de mim e me permita que eu possa ver pelo menos uma fagulha de luz, pois não suporto mais essas trevas em que hoje vivo, pois elas estão dentro de mim…


Não sabia mais formular palavras, então comecei a chorar e chorei por horas sem parar... Lembro-me de que durante aquele choro avistei uma luz muito distante, uma espécie de fagulha. Abri bem os meus olhos e pensei que era um raio de sol ou uma resposta de Deus... Quis me projetar em direção àquela luz que aumentava cada vez mais em minha direção. Logo notei que eram pessoas que brilhavam como luzes que se aproximavam. Atirei-me ao solo lamacento daquele lugar procurando me cobrir com aquela lama. Queria cobrir meu ventre ou o que restava dele. Sentia-me envergonhada, cobri meu rosto com as mãos, tive medo... Até que uma voz meiga, que nunca mais esquecerei, me disse:


– Levanta, minha irmã, Deus ouviu suas súplicas e viemos lhe buscar!


Levantei os olhos para ver quem falava comigo e vi, pela primeira vez, o rosto de minha benfeitora, a Irmã Rosália. Ela estendia as mãos para mim e como criança me pus a chorar, apenas falei repetidas vezes: me ajude, me ajude, eu preciso do perdão de Deus e de mim mesma.


Aquela equipe cobriu o meu corpo e me colocaram em uma padiola e me tiraram daquele lugar. Eu não sei onde era, nem sabia para onde me levariam, apenas fui, pois queria sair dali.


Levaram-me para Colônia Maria de Nazaré como suicida e homicida devido ao aborto que cometi. E lá ainda estou em tratamento, pois meu corpo espiritual ainda guarda as marcas do aborto em meu ventre. O que ainda me pesa no meu sofrimento é minha consciência de culpa que não me perdoa. Só para vocês terem uma noção da gravidade de meu aborto, a menina que abortei era uma das benfeitoras de minha vida que estava se sacrificando para me ajudar a sair daquela vida que eu estava levando. Minha ignorância não me deixou ver o amor de Deus para comigo ao me promover aquela benção. Hoje, ela é uma das minhas orientadoras na colônia Maria de Nazaré.


A história de minha vida é muito longa e há razões que ainda desconheço, principalmente o que envolve minha família e meu passado. Conheço meu presente, mas nada sei sobre o meu futuro, tudo é incerto e muito complexo, razão de meu resumo. Porém, eu gostaria de oferecer minha experiência de vida aos jovens que estão encarnados: dizer que a vida é a maior benção que recebemos de Deus. Nela temos o esquecimento do passado quando estamos reencarnados, mas esse esquecimento nem sempre é por completo, pois o nosso passado influência muito nas predisposições ou tendências que apresentamos durante a vida na carne. Digo que se vocês jovens fizessem um mergulho em si mesmos seria fácil descobrir onde estão suas maiores fraquezas e assim poderiam reforçar a vigilância para não caírem nas tentações que as fraquezas os impõem, pois se não dominamos nossos desejos e anseios, eles poderão nos escravizar.


Outro inimigo na nossa juventude é a insubordinação às leis divinas e as que regem nossa vida. Isso nos a fugir das religiões, pois a vida é feita de regras e normas onde quer que estejamos. Vocês não têm noção do preço que paguei e ainda estarei pagando por minha rebeldia e a fuga da religião…


Aqui tive a compreensão que religiões na terra são escolas para atenderem à necessidade de cada ser reencarnado, razão das diversidades e formas que elas têm de apresentarem Deus e os ensinos de Jesus.


Se eu pudesse dar um conselho a vocês seria: procurem uma religião, escolham a que melhor atenda aos seus anseios para não ficarem sem o norte do reino dos céus que, na realidade, é o plano espiritual, nossa verdadeira morada.


Quem me dera ter sido uma fanática religiosa como queria meus pais que eu fosse. Como eu queria compreender os erros de meus pais, mas ao seguir seus conselhos, com certeza, eu teria evitado a minha tragédia e não teria enveredado para o abismo de trevas que criei para mim.


Jovens, eu reafirmo que procurem uma religião e a ponham em suas vidas. O Brasil tem uma diversidade muito grande de segmentos religiosos: igrejas, templos, centros espíritas. Posso dizer que toda agremiação cristã tem por fim aproximar a criatura do Criador. Não julguem as religiões pelos defeitos dos religiosos que nelas estão, observem o que a doutrina que ela ensina pode lhes ajudar, sigam os ensinos de Jesus!


Observem suas más tendências, suas predisposições negativas, se há revolta no coração, rebeldias… Para se vencer esses monstros em nós, o estudo da moral do Cristo, através do Evangelho, é fundamental. Encontrem a agremiação religiosa que melhor lhes ofereça isso. Esse conselho é de uma jovem que errou muito nesta vida. Se pudessem ver minha aparência, a decadência que ainda estou, apesar da misericórdia divina que tenho recebido na Colônia Maria de Nazaré, vocês não teriam dúvida em acatar meu testemunho. E por falar nesta colônia espiritual, hoje ela é o meu lar, pois sou uma suicida, tive minha morte abreviada pelo aborto que cometi.


Jovens, fujam da bebida alcoólica, pois ela é a causadora da maioria das tragédias do ser humano em todos os tempos e em todas as localidades, em qualquer idade. Compreendam que a terra é um paraíso em matéria de alimentos saudáveis, é o planeta da água – a fonte da vida. Não se furtem dessa bênção…


A felicidade não depende de tóxicos, nem do que eles provocam. O preço das sensações no seu uso é muito caro. Além do dinheiro, tem o atraso espiritual que os vícios causam na nossa marcha evolutiva, pois continuam após a morte do corpo físico a nos atormentar de vários modos.


Também gostaria de lhes falar sobre o preço de um suicídio, mas antes dizer que ele não soluciona nossos problemas. Pelo contrário, os agrava e os multiplica, pois as reparações de um suicídio se estendem por várias outras encarnações, por mais que venhamos a ter atenuantes a nosso favor.


Na realidade, na morte ou pós-túmulo, cada um recebe e é recebido de acordo como viveram. Para os que cumpriram seus deveres para com a vida, a chegada aqui é gloriosa, porém, para os que negligenciaram esses deveres, é tenebrosa. É que um simples erro cometido aí, aqui ele pode se transformar em uma tragédia. Será como uma faísca jogada numa floresta e que se transforma em um incêndio incontrolável e com danos imensuráveis, cujos prejuízos causados só ficamos sabendo aqui. Pensem no suicídio, no aborto, o quanto seus efeitos são devastadores para as almas de quem os pratica.

A questão da prostituição aí no plano físico, vou lhes dar uma noção do que causa para o autor aqui no plano espiritual. A prostituição provoca direta ou indiretamente: desuniões de casais, adultérios, separações de filhos de pais ou mães, uma série de doenças sexualmente transmissíveis, sendo que muitas delas abreviam a morte de quem se contamina, além do estrago moral que causam a alma de quem é vítima. Como disse, o tamanho desses danos nos será revelado aqui no pós-túmulo.


Outra coisa que tem causado grandes fracassos reencarnatórios para muitos são as teorias que desvalorizam a família, ou querem modificar suas funções. Estive com muitas dessas vítimas, pessoas que adotaram essa ideologia e se perderam no vazio de si mesmas, se atiraram nos vícios, no suicídio, isso depois de grandes depressões.


Por essa razão posso dizer: não se iludam com as ideias de abolir a família da vida do ser. A família é um instituto divino na face da terra, é o arrimo da edificação de nossa marcha evolutiva. É a família que nos acolhe e sustenta até que possamos nos cuidar pessoalmente. Crescer em seio de uma família é uma bênção. Lembrem-se: é nela que nos aconchegamos na hora de nossa morte. Digo assim porque morri sozinha como uma indigente. Sem família seremos como galhos desligados do tronco fadados a secar a seiva de nossos sentimentos.


Não adotem este discurso de ingratos: que a família é chata! Observem que, na maioria das vezes, a chatice está em nós, está na nossa rebeldia, na nossa revolta, na não aceitação das coisas como elas são. Jovens, é comum este erro de achar que tudo e todos têm se submeter ao nosso imaturo ponto de vista. Portanto, antes de verem e apontarem os defeitos de seus familiares, vejam os seus; antes de criticarem seus pais, façam uma análise de como são como filhos ou filhas. Será que são tão perfeitos como pensam?


Voltando ao assunto sobre a morte do corpo físico, reafirmo a imortalidade da alma que somos. Quando cometi o aborto e em decorrência veio a morte do meu corpo físico, sem nenhum intervalo eu continuei a viver partindo do ponto que quis interromper, de acordo como lhes contei minha história.


A minha morte não acabou com meus problemas, apenas os transformou em outros; hoje sou uma suicida, uma abortista, uma má filha; me comprometi com prostituição, com o alcoolismo, sou uma viciada em drogas, lutando com esses conflitos em mim mesma. Tenho que redimir comigo mesma e ressarcir com os que prejudiquei.


Não queiram isso para vocês que têm uma vida longa pela frente. A vida é um curso de aprimoramento para suas almas, aproveitá-la no melhor que ela possa nos trazer para o nosso crescimento espiritual, é sabedoria. Tenham paciência, prudência e vigilância para não caírem nas tentações das fraquezas; ponham isto em suas cabeças: rebeldia é o caminho do fracasso. Jovens, amem a vida e não desperdicem tempo com coisas que não sejam úteis ao crescimento espiritual!


Muito obrigada a vocês por me ouvirem através desta escrita. Estou encantada com a mediunidade que usei para escrever, adorei a presteza do médium, agradeço ao espírito-guia dele que me acolheu desde hoje cedo e esperamos até a hora desta oportunidade.

Peço: rezem por mim, ainda preciso muito, pois sei que meu futuro não será de flores, e sim, de dores.


Gostaria de deixar meu abraço para todos que lerem minha história e compreenderem o objetivo dela, mas juntamente com meus sentimentos de gratidão a Deus, a nossa Mãe Santíssima e a misericórdia infinita de Jesus. Deixarei uma pétala de uma rosa simbólica na palma de suas mãos, que muito representa essa sua irmã em Cristo Jesus.


Sou uma rosa despetalada que, graças ao amor Divino, hoje carrego em mim o perfume da esperança.


Se você é mulher e jovem como fui, se a vida lhe for rude, busque amparo e força em Maria, a mãe de Jesus, a nossa Mãe Santíssima, a rainha dos anjos dos céus, pois ela é a protetora de todas as mulheres na terra, e Ela lhe ajudará a vencer suas dores.

Beijos das irmãs,


Rosa (Espírito-autora)

Rosália (Coordenadora Espiritual)



Jorge Couto (Médium)

Psicografia recebida dia 09/07/2020.

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